Por muitos anos, pensava-se que essas estruturas geológicas localizadas logo abaixo da superfície do planeta " cujos movimentos por aqui resultam em terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas " fossem exclusivas da Terra. Ao todo, nosso globo tem sete placas principais e outras dezenas menores, comparadas a uma "casca de ovo" rachada, que nos protege do magma contido no interior. Segundo o professor de ciências espaciais e da Terra, Um Yin, único autor do estudo, o planeta vermelho está em um estágio primitivo desse fenômeno, o que pode ajudar a entender como ocorreu a formação desses blocos na nossa litosfera, composta por duas camadas: a crosta terrestre e o manto superior. Yin fez a descoberta ao analisar cem imagens de satélite de uma nave da agência espacial americana (Nasa) chamada Themis e também da câmera HiRISE, da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, que orbita Marte. Uma dúzia dessas fotos revelaram as placas tectônicas. O pesquisador conduziu os trabalhos no Himalaia e no Tibete, onde duas das maiores placas da Terra se encontram. De acordo com ele, muitas das características das falhas dessas regiões, e também da Califórnia, se assemelhavam às de Marte. O professor viu, por exemplo, deslizamentos de terra, um desfiladeiro e um penhasco " comparável às falésias (escarpa íngreme à beira-mar, feita por erosão) do Vale da Morte, na Califórnia " que só podem ter se formado por uma placa tectônica. A superfície marciana tem o sistema mais longo " com mais de 4 mil km, nove vezes maior que o Grand Canyon, no Arizona " e profundo de cânions do Sistema Solar, conhecido como Vale da Mariner, em homenagem à antiga sonda Mariner 9, que descobriu essa região em 1971. Yin diz que, ao contrário de outros cientistas, que achavam que aquela era uma fenda pontual que se abriu, ele acredita que esse seja o limite de duas placas, que se movem horizontalmente por quase 150 km. A Falha de San Andreas, em São Francisco, na Califórnia, também está sobre a intersecção de duas placas, e já se chocou pelo dobro dessa distância, mas a Terra é cerca de duas vezes maior que Marte, então o fenômeno entre os dois planetas se torna equivalente. De acordo com Yin, a falha está ativa, mas raramente "acorda", a cada um milhão de anos ou mais. Ele crê que o planeta não tenha mais que essas duas placas. Além disso, Marte tem uma zona vulcânica linear, algo típico de onde existem esses blocos sob a superfície. Isso não ocorre nos outros planetas do Sistema Solar, segundo Yin. O que o pesquisador ainda quer investigar é o quão abaixo da crosta de Marte essas placas estão localizadas e por que elas se movimentam em um ritmo tão lento, mas de alta magnitude.
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