A história do cinema é recheada de cenas que desafiam as leis da física. Em alguns casos, o gênero “ficção científica” fica muito mais perto da ficção do que da ciência. Um estudo publicado nesta semana pesquisa especificamente uma cena para calcular se a idéia dos roteiristas poderia salvar a Terra – e a resposta é “não”. No filme “Armagedon”, de 1998, um asteróide ameaça colidir com a Terra. O personagem de Bruce Willis pousa no asteróide, o perfura e coloca uma bomba nuclear dentro dele para explodir o corpo celeste em dois pedaços que passam raspando de cada lado da Terra. Na vida real, isso não funcionaria. Os estudantes da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que conduziram o estudo concluíram que a bomba de Willis teria tanto impacto na rocha quanto uma bombinha de São João e seria usada tarde demais, quando o planeta já estaria condenado, acrescentaram. “O nível da nossa tecnologia atual não é nem de perto suficiente para proteger a Terra de um asteróide como aquele usando este tipo específico de defesa de meteoros”, destacaram os autores do artigo intitulado “Bruce Willis poderia salvar o mundo?”. Os pesquisadores explicaram que explodir um asteróide daquele tamanho, com cerca de mil quilômetros de diâmetro, exigiria usar uma bomba 1 bilhão de vezes mais forte do que a maior bomba já detonada na Terra, a soviética “Grande Ivan”, que explodiu em um campo de testes em 1961. De qualquer forma, o asteróide teria que ser detectado muito mais cedo do que no filme, escreveram os cientistas no periódico da universidade, intitulado “Journal of Special Physics Topics”. Os 18 dias de prazo do filme “não dariam tempo para Bruce viajar ao asteróide e perfurá-lo até o núcleo, nem mesmo para partilhar momentos significativos com Ben Affleck ou Liv Tyler pelo caminho”, destacou o estudo. No filme, Liv Tyler interpreta a filha de Willis e Affleck, seu namorado. Na verdade, o asteróide teria que ser detectado e explodido a 13 bilhões de quilômetros da Terra, ou seja, nos limites do Sistema Solar, para dar às duas metades tempo suficiente para alterar o curso e não caírem no planeta. “Um método alternativo possível seria mover o asteróide com dispositivos de propulsão presos a ele”, explicou Ben Hall, de 22 anos, co-autor do estudo. “O que é certo é que a maior parte dos métodos exigiriam uma detecção muito precoce de um asteróide deste tipo e um planejamento muito cuidadoso para se chegar à solução”, concluiu.
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